11 de outubro de 2011

Imperativo Hipotético.


Analisando a vida e as circunstâncias que a rodeiam, é fácil de perceber que poucos são os imperativos hipotéticos que temos ao nosso dispor. Quando afirmam - alguns perentoriamente - de que a vida é feita de escolhas ponderadas e refletidas, esquecem-se todavia de que as mesmas precedem um imperativo condicionante. Não é decidido ou realizado sem que uma força anterior o provoque. Somos frutos das circunstâncias e os atos que tomamos, prolíferos que se assemelham a espontâneos, não são tão determinados por cada um como se possa julgar.

No imperativo categórico, como Kant o idealizou, podemos ser levados a agir de uma forma estabelecida, porém, há imperativos naturais dos quais não podemos escapar. É a esses a que me refiro e são esses, mais os acasos da vida humana, que projetam e induzem os imperativos hipotéticos.

Tomando-me como cobaia e à experiência, chego à conclusão de que poucos imperativos verdadeiramente hipotéticos existiram na minha vida. O caráter hipotético é-lhes dado pela maior ou menor liberdade de escolha humana, uma vez carecidos de total determinação, não são eles, em si, verdadeiramente hipotéticos, mas um reflexo do imperativo categórico atenuado pelo campo de ação individual.
Como diria Rousseau, «o Homem nasce livre, mas em toda a parte se encontra aprisionado».

A liberdade humana é meramente utópica. As pequenas decisões que tomamos, exceto as verdadeiramente insignificantes, derivam de um antecedente indutor. A Terra é, então, um grande cárcere onde se encontram mais e menos aprisionados. A melhor forma de escaparmos à tendência sedutora é a evolução, nomeadamente intelectual. Escapar à tendência bruta do Homem, afinal, «o Homem é mau por natureza» (Thomas Hobbes e Nicolau Maquiavel). Evoluindo, cultivando a sabedoria, alcançamos progressivamente uma maior liberdade.
Contudo, nenhuma distinção credível me surge entre o prisioneiro atrás das grades e o homem que se julga mais livre.

Escrito ao abrigo das normas ortográficas em vigor.

2 comentários:

  1. penso que a liberdade será a chave para o que dizes... ela é na maioria do pensamento filosófico uma questão a resolver...
    no dizer de Hobbes " o homem é mau por natureza", não se encontra uma definição do que é o homem...
    mas esta conversa dá "pano pra mangas" e a "liberdade humana" também... quais são as verdadeiras condicionantes dessa liberdade?

    abc

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  2. humm complexo, muito complexo.. mas sim a acção humana está ligada a vários factores internos e externos. Por exemplo eu fui ao restaurante A porque o B estava fechado e no A comi uma coisa estragada. Se o B tivesse aberto isso não acontecia e etc, somos mesmo um fruto das circunstâncias..
    Tu deves ser interessante xD
    abc

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