29 de agosto de 2011

Metamorfose.



Seria tão bom se passássemos pela fase de crisálida, mas não a fase tradicional da puberdade. Uma fase em que pudéssemos deixar para trás tudo de errado que encontramos e fizéssemos uma renovação total. Insondáveis desígnios da Criação e temos de viver com o que vamos construindo. Oscilo entre o que está bem e o que está mal, uma tendência voluptuosa e irresistível para o inconformismo. Dizem que é bom ser assim. Aperfeiçoa-nos progressivamente. Errado. Há coisas imutáveis em nós. Somos imperfectíveis, todavia, uns aceitam melhor essa inevitabilidade.

Se tivesse o poder de fazê-lo, construiria o que não vivi. Tornaria o sonho em realidade. Como Florbela Espanca, materializaria

"Lembranças de fantásticos outroras,
 De sonhos que não tenho e eram meus!"

Se o fim da linha se afigura como um precipício, o passado não reboca as dores que anseiam terminar. Os sonhos, jogados no vil negro, desaparecem como uma centelha minúscula que diminui à medida que trespassa o ponto de não retorno. Os sonhos são densos, a substância que os envolve não existe. Porventura em nós, existe em quem se tem como real. O tempo passa e cada vez mais me observo de fora, como uma pupa ansiosa por viver.



2 comentários:

  1. Os nossos erros podem ser também essenciais para que possamos aprender e concomitantemente a reagir.
    Vou dar-te um exemplo com uma situação verídica que vivi neste ano, sem a comentar:

    - a escola onde sou efetivo é TEIP pelo que poucos somos os professores dos quadros, colocados por concurso nacional do ME. Nestas, optam por professores contratados que já são conhecidos da escola e dos seus elementos... Assim, enquanto que nas restantes, um coordenador de diretores de turma deve ser um elemento do quadro de escola com experiência, na minha é um contratado que por lá tem ficado há vários anos. Numa reunião de DTs disse não ter gostado da forma como abordou uma das minhas colegas e disse estar de acordo com a mesma, no que a um documento interno diz respeito. Baseei-me na legislação mas como não a tinha comigo, apresentei-a no dia seguinte. Entretanto, a minha direção de turma, destes dois últimos anos, que foi bastante difícil, foi a melhor na aferição externa de matemática e a 3ª melhor turma do 6º ano (ou seja, a melhor turma das aldeias, tendo como antecedentes as da vila). No presente ano letivo não serei DT, embora tenha pedido para exercer o cargo, uma vez que este senhor coordenador, que não é efetivo nem leciona nenhuma das disciplinas mais "exigentes" não me propôs.

    Uma vez mais escrevo: "vive"... "vive o que não vive" por medo, por estar num meio pequeno e aos 23 já estar a dar aulas, vive pq lá no fundo sei que tive medo e fui cobarde. O tempo passa. E como passa. Por vezes acordamos, e já estamos nos 33!

    Abraço.

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  2. Estas férias estão a tornar-te muito introspectivo, o que é bom, pois é assim que conseguimos observar "por dentro" aquilo que de fora é mais fácil de ver.
    E traz consigo progressos, quer de auto estima, que em ti já é elevada por natureza, mas principalmente de adaptação a mundos que não são os nossos, mas em que obrigatoriamente temos que nos inserir.

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