15 de junho de 2010

Os Dias Decisivos



Coloquei tanta expectativa no dia de amanhã que mais parece que estou na iminência de saber se vivo ou morro. Nunca gostei de tomar decisões ou de viver sob pressão. É, talvez, um dos meus defeitos e das minhas fraquezas. Gosto de calma, de tranquilidade, e não gosto muito de grandes responsabilidades, apesar de, no geral, ser bastante responsável e disciplinado.
Em relação ao exame de amanhã, seja o que for, decidi que não irei pensar mais no assunto até saber os resultados. Se correr bem, tanto melhor; se correr mal, não adianta chorar «sobre o leite derramado», e ainda tenho uma hipótese na 2ª fase. Uma coisa é mais do que certa: estou a sofrer por antecipação, sinto-me angustiado e isso não é bom para mim. Creio que estudei bastante, mas não sei se terá sido o suficiente. Penso sempre que poderia ter feito mais, dado mais de mim, o que não é verdade. Tenho que adoptar outra postura, tendo a plena consciência de que dei o meu melhor e de que darei, sem sombra de dúvidas, tudo por tudo amanhã.
Já tomei os comprimidos que tinha para tomar, já bebi os chazinhos todos e mais alguns, já descansei, já ouvi música, no fundo, fiz tudo o que estava ao meu alcance.
Detesto esta sensação, esta pressão horrorosa. Tomara que este período acabe bem depressa. Quero colocar os livros todos de parte. Escondê-los num sítio inacessível durante um bom tempo. Afinal, estudamos para quê? A vida não seria muito melhor se cada um estabelecesse as suas próprias metas e os seus próprios objectivos?
Cada vez mais, invejo os povos primitivos que ainda habitam em algumas regiões do globo. Vivem da terra e do que a Natureza lhes oferece. Não têm stress, nem horários a cumprir, ordens ou tarefas a realizar. São ingénuos naturalmente, uma vez que ainda não foram corrompidos pela maldade da civilização (Rousseau, como estava certo...) e têm todo um mundo selvagem, rico em biodiversidade, sem poluição e sereno para desfrutar até morrerem. Isto sim é viver. A educação e a civilização não trazem apenas o progresso moral e tecnológico: trazem também todos os seus efeitos colaterais. Não sei se as vantagens inequívocas compensam todo o aprisionamento a que estamos sujeitos no mundo civilizado.
Bom, dissertações filosóficas e existenciais à parte, decidi que amanhã, depois do exame, vou dar um longo passeio por Lisboa, sozinho. Quero tomar ar (poluído, é certo...), respirar e amenizar as minhas preocupações. Quero ir até ao Tejo, em Belém ou no Terreiro do Paço, ainda não escolhi. A pé, sem rumo e sem horários, com os telemóveis desligados porque sei como é...
"Onde é que anda? Está bem? E o exame como correu, querido, blá, blá, blá, blá, blá, blá...."
Não terei paciência para esses discursos. Às vezes, é bom estarmos sozinhos, andando e sentindo a vida, tal qual ela é.

7 comentários:

  1. Olá...
    Gostei imenso do teu texto.
    Também sou como tu,nunca gostei de tomar decisões(principalmente se forem muito importantes) pois receio fazer a escolha errada e a consciencia pesa.Também considero isso um dos meus piores defeitos(como se houvesse defeitos bons...XD)
    Boa sorte para o exame,vais ver que vai correr bem e no fim preocupaste-te sem razão.Falar é fácil não é?
    Mas eu quando foi nessa altura também "sofri" muito e isso reflectiu-se na minha saúde.No final tirei as notas que precisava para passar.
    Sabes qual foi o meu anti-stress?Jogar playstation 2 nos intervalos do estudo para os exames...fazia milagres...
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  2. Em suma, queres ser Alberto Caeiro =)

    Vá tenta abstrair-te desse nervosismo, não te leva a lado nenhum.

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  3. O que achas-te do exame de Língua P.? Eu odeiei a escolha multipla e ainda por cima metem Camões! Asério, que horror...

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  4. E que tal te deste com o passeio?
    Não caio na asneira de te questionar se gostaste que tivesse saído Camões na rifa...

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  5. A mim não me correu lá muito bem. Errei muitas na escolha multipla principalmente na 8! Foi horrivel!

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  6. O passeio correu bem. :) Fui até ao Terreiro do Paço.
    Pois, detestei o Camões, mas correu melhor do que imaginava. As estrofes eram de fácil acesso.

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  7. Não gosto de acreditar em coisas boas. Apanho sempre desilusões =S

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